domingo, 13 de abril de 2008

Quando fui 1ª pessoa

Acabo de ter um daqueles momentos em que, de repente, compreendo algo que sempre achei que compreendesse. Já passei por isso algumas vezes e cada uma delas foi tão intensa quanto a outra, e essa, especialmente, me deu uma sensação de liberdade que foi como se eu precisasse agarrá-la com todas as minhas forças, transformar num mantra e fixá-la na minha vida pra sempre.

Eu me dei conta de que estou pedindo permissão para viver. Sei que é um pensamento triste, porém, se analisá-lo num cenário maior, não é não! Primeiro me senti muito mal ao chegar à essa conclusão mas só quando nos damos conta do que há de bom e de ruim em nossas vidas é que podemos nos abrir verdadeiramente às possibilidades de evoluir.

Eu é 1ª pessoa. E, como se sabe, uma coisa só pode ser primeira porque existem outras após ela, se não, seria pessoa única. Acontece que eu sempre coloquei as outras pessoas antes de mim. E, como se sabe também, isso está errado. Tanto na gramática quanto na vida. Foi assim que, por uns poucos segundos, entrei em êxtase ao sentir verdadeiramente que não preciso pedir permissão para viver, para ser eu mesma e feliz à minha maneira, até porque pude provar, durante muito tempo, que não dá pra ser feliz vivendo permanentemente sob ''custódia'' dos outros. Queria preservar esse momento, assim, como ele está agora, fresco, vivo para sempre, e a melhor forma que encontrei de concretrizá-lo e de certa forma "passar adiante" foi pondo (tentando) em palavras.

Acho que durante toda a minha vida eu não vivi para mim (não que seja ruim viver para o próximo, é até muito bonito desde que você, antes de aceitar o outro, aceite a sí mesmo). Me lembro de um sem fim de dias em que eu pensei em ser diferente do dia anterior, em muitos aspectos diferente do que esperavam que eu fosse e me lembro também que no fim de cada um desses dias eu desisti por medo. "Deixei para a próxima".
Um exemplo claro disso ocorreu quando eu criei o blog: estava super animada até apertar ''Concluir", mas depois, quando percebí que estaria exposta veio o ''medo'', porque tudo que eu escrevo ou posto aqui, seja uma frase, o trecho de um livro, uma poesia ou seja o que for, diz muito sobre mim. E mesmo que eu escreva um texto sobre reprodução bacteriana, o movimento das placas tectônicas ou os aspectos geopolíticos do Marrocos, não poderei dizer: " Ah! Isso não tem nada a ver comigo!" Como não? Saiu de mim! É quase como dar à luz ou algo do tipo. E é isso o que me dá medo, o olhar julgador do próximo, o que pode ser uma espécie de projeção, porque talvez eu também julgue demais o próximo e à mim mesma.

Esse deve ser o texto mais importante que já escreví, porque me chama a realizar mudanças que partam "de eu para mim" e depois aos outros. Se eu pudesse fazer com que cada pessoa que o lesse sentisse o mesmo que eu sentí, mesmo que por alguns minutos, já seria o máximo!
Não consegui expor as idéias de maneira mais clara, vou evoluir e exercitar esse pensamento da ''não permissão'', da liberdade...daí vou fazer um óculos dele e sair andando por aí!